terça-feira, 15 de março de 2011

“57% dos genes são de origem africana e 43% de origem europeia” diz estudo





Uma das populações mais miscigenadas do planeta é Cabo Verde tendo 57% dos genes vindos de África e 43% de origem europeia.
Segundo o estudo “A diversidade genética de Cabo Verde” realizada por Jorge Rocha do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto “as ilhas são um ponto de encontro de populações provenientes de várias regiões muito diversificadas”.

Jorge Rocha investigador do IPATIMUP afirma que tendo em conta que, quando foi descoberto, este arquipélago era desabitado e foi colonizado por indivíduos de origem europeia e mão-de-obra escrava das regiões adjacentes do continente africano, Cabo Verde tornou-se numa amálgama de populações que, noutras condições, estiveram muito diferenciadas.
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Ilha do Fogo é a mais miscigenada
A mais africana é a ilha de Santiago, a primeira a ser colonizada e onde desembarcou a grande massa dos escravos, sendo que muitas outras ilhas já foram povoadas por pessoas que eram mestiças. Já a ilha mais miscigenada é a do Fogo, a segunda a ser colonizada a partir de famílias emergentes da aristocracia mestiça local.
Relativamente aos colonos de Cabo Verde, a maior parte dos indivíduos europeus era de origem portuguesa e a maior parte dos africanos proveio, em termos históricos, da África Ocidental. A população mais africana do arquipélago é muito provavelmente originária de escravos vindos dos povos Mandinga, um dos maiores grupos étnicos da África Ocidental.

À descoberta dos genes
Os investigadores envolvidos neste trabalho caracterizaram 364 indivíduos de Cabo Verde, cada um deles com um milhão de marcadores genéticos.
A miscigenação pode ser avaliada também ao nível dos genes. Segundo as estimativas dos investigadores do IPATIMUP, “57 por cento dos genes são de origem africana e 43 por cento são de origem europeia”, o que faz de Cabo Verde uma das populações que representam mais miscigenação na Terra, “muito mais do que até em certas zonas do Brasil”.
“Sabemos que a cor da pele é hereditária, mas não sabemos muito bem quais os genes que a influenciam”, referiu Jorge Rocha. Como tal, uma das partes centrais deste trabalho tem sido usar a população de Cabo Verde para saber quais são os genes que influenciam a cor da pele e a cor dos olhos.
Recorreram assim ao marcamento por miscigenação e verificaram que pelo menos cinco genes estão responsáveis por 40 por cento da variação da cor da pele em Cabo Verde, ou seja, das diferenças entre europeus e africanos na cor da pele.

2 comentários:

  1. a miscigenação é a nossa maior riqueza, é o que torna o cabo-verdiano único, sem comparações. Contudo, isso não pode ser encarado como desculpa para alguns racistas se auto proclamarem europeus porque num copo cheio de leite basta uma gota de cafe para fazer a diferença. Sou mulata com todo o orgulho, cor de canela ou caramelo, na realidade pouco importa a comparação porque dentro de mim sei que sou filha da mãe África, tenho a mesma origem de Luther King, Mandela, Cabral, Obama, logo só temos motivos para orgulho. God bless

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  2. Muitos caboverdeanos tem vergonha ou repulsa de serem conotados como africanos, não por se sentirem somente caboverdeanos, mas pelo estigma associado ao continente negro. Infelizmente a África que nos é apresentada pela Comunicação Social (CS) é representada por povos selvagens e incultos. Muitos se envergonham por verem culturas com vários milhares de anos expresssando-se enquanto pensam que estes quinhentos anos de escravatura são a fonte do belo e do superior. A CS transmite seus noticiários onde negro quase sempre aparece como o traficante, o bandido ou o pobre-diabo, por isso não queremos estar associado à imagem do negro.

    Analisando a identificação ‘continental’ do caboverdeano, mais do que uma leitura das percentagens estatísticas daqueles que se dizem africanos ou europeus (o próprio fenómeno) seria também estudar a nossa forma de vestir, a dieta alimentar, as manifestações culturais e religiosas, etc. (ou seja, o contexto do fenómeno). Isso seria por em prática aquilo que Zygmunt Bauman considerou como o primeiro acto de qualquer envolvimento na vida públicas: o princípio da responsabilidade.

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