O que fazem as agências de rating? As agências avaliam a capacidade de Estados ou empresas pagarem os seus empréstimos através de uma classificação a que se chama rating, ou seja uma nota. Esta é apenas uma opinião e não assegura que um Estado ou empresa com classificação máxima não entre em bancarrota. Diz apenas que há poucas probabilidades de isso acontecer.
Quantas agências existem?
Existem cerca de 30 a 40 agências de rating em todo o mundo, mas o mercado é dominado pela Standard&Poor's, Moody's e mais recentemente pela Fitch, que são conhecidas como as ‘três grandes’.
As ‘três grandes’ são todas norte-americanas e detidas por grupos financeiros?
Não. Foram fundadas nos EUA onde os ratings nasceram, mas hoje a Fitch pertence a uma empresa francesa, a Fimalac, e a S&P é detida pela McGraw-Hill, um grupo editorial.
Porque são tão criticadas?
A sua actuação durante a crise financeira de 2008 foi amplamentente criticada após terem classificado com nota máxima produtos financeiros tóxicos que estiveram na origem da crise. Em 2001, as agências deram rating máximo à Enron, quatro dias antes da maior energética dos EUA, ter declarado falência. Fizeram o mesmo com a Worldcom, uma das maiores telecoms nos EUA que também faliu.
Há conflitos de interesse?
As agências têm como accionistas empresas a quem dão avaliações. É um tema por resolver.
Como fazem negócio?
Estados e empresas pagam para ter um rating.
Quanto custa ter um rating? É difícil de saber. O preço depende do número de serviços e ratings contratados, assim como da dimensão da empresa. O Público noticiou recentemente que o Estado e empresas portugueses pagam 9 milhões de euros por ano às três grandes.
Porque é importante ter um rating?
Hoje é a melhor garantia para conseguir financiamento junto dos investidores. Empresas sem rating têm mais dificuldade ou mesmo impossibilidade de financiar-se. E no caso dos bancos portugueses, por exemplo, sem os ratings das agências não conseguem obter financiamento junto do BCE – a sua ‘tábua de salvação’ nos últimos dois anos.
Como é feita a atribuição de um rating?
Através de dados quantitativos como relatórios e contas, embora as investigações feitas após a crise financeira de 2008, tenham provado que os factores qualitativos foram determinantes na atribuição de diversas notas.
Mas influenciam assim tanto os mercados?
Têm influência porque os investidores seguem e acreditam nas suas opiniões. Mas por exemplo, durante a crise da dívida na Zona Euro, os juros e o risco da Grécia ou Portugal já estavam há meses a níveis insustentáveis antes de as agências considerarem estes activos como ‘lixo’.
Quando há um downgrade, as agências são obrigadas a alertar o emitente?
Sim. Entre 24 e 48 horas antes do anúncio oficial.
Há alternativa às agências?
Cada investidor pode decidir por si próprio. Não precisa de agências.Estas apenas emitem opiniões. Além das três grandes começam a ganhar força a canadiana DBRS e a chinesa Dagong.
Fonte: Semanário Sol
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